Crianças e Tecnologia (Quando Começar essa Relação?)

Fotografia de Let’s ROCK, baby (Flickr)

Você costuma se perguntar se está exagerando na dose de conteúdo digital que permite ao seu filho? Afinal, como controlar essa relação das crianças com a tecnologia?

Não é mesmo uma ponderação tão fácil. Por mais que queiramos manter as crianças o mais perto possível da dimensão tátil das brincadeiras da nossa infância, o mundo ao redor delas é movido pelas experiências virtuais. A narrativa hipertextual* dos games e aplicativos são parte de uma realidade que estará presente em toda a vida, e, portanto, deve sim participar da formação da criança.  Mas, o problema é: o quanto e o quê?

Quanto?

A frequência é importante especialmente porque, embora os pais sejam seduzidos pelo “entretenimento mágico” que deixa os seus filhos quietos por horas, ao ficar muito tempo imerso nas mídias eletrônicas (celulares, computadores, tablets e televisão) a criança deixa de desenvolver a relação com o mundo à sua volta, cria dependência tecnológica e se sujeita a todos os problemas relacionados, como déficit na capacidade de interação social, obesidade, desleixo postural, síndrome do túnel do carpo, transtorno do sono, entre outras.

Com base em estudos sobre os efeitos da superexposição midiática, a American Academy of Pediatrics sugeriu as seguintes regras: nada de exposição passiva de eletrônicos para crianças com menos de 2 anos e menos de duas horas diárias para aquelas acima desta idade.

É um bom ponto de partida. Entretanto, pela experiência que tive com meu filho e crianças com as quais convivo regularmente, vale a pena um esforço para reduzir um pouco o tempo máximo sugerido para crianças de 2 a 5 anos. Afinal, neste período da primeira infância, as transformações são estruturais.

Sobre o “quanto” temos um parâmetro que já é uma grande ajuda para resolver esse dramático dilema. Mas, ainda temos outra grande dor de cabeça: o conteúdo.

O Que?

Dos 2 aos 8 anos a criança só deve ter acesso a sistemas de navegação em hipertextos fechados (com uma estrutura na qual não transbordam o aplicativo ou site). A visita em sistemas abertos, como o Youtube, deve ser monitorada pelos pais. Quando for mostrar os vídeos do Lá Dentro da Mata, por exemplo,  esteja no comando da navegação (Clique para assistir) . O gráfico abaixo demonstra a diferença entre os sistemas de hipertexto fechado ou aberto, note que quando a navegação é aberta, é possível que a criança escape do conteúdo que você julga seguro ou controlado.

Com estrutura fechada, existem diversos aplicativos e games divertidos e educativos. Tem o Cocoricó ou o Archaeologist para os menores e para aqueles com mais de 5 anos, tenho uma simpatia especial pelo Minecraft. Vale fazer uma boa pesquisa e conhecer.

A partir dos 8, os ambientes virtuais de pesquisa como o Google e os de conteúdo áudio visual como o Youtube, Vimeo e similares podem começar a entrar no cardápio dos pequenos curiosos. Uma dica bacana é usar as ferramentas de proteção de conteúdo que esses sistemas dispõem (Veja aqui os Controles do Google)

E, por fim, o terror dos pais: as redes sociais! A primeira coisa que deve fundamentar o seu cuidado: redes sociais não são ambientes para crianças. Até que você tenha certeza que o seu adolescente saiba se safar e identificar relações nocivas à sua saúde psicológica, cabe a aproximação e acompanhamento frequente do uso.

Os sistemas orientam a idade mínima. Está nas regras do Facebook, Instagram, Pinterest, Snapchat e Twitter que esses ambientes só devem ser frequentados por quem tem mais de 13 anos. No YouTube, crianças podem assistir, mas só a partir dos 13 podem criar um canal. O WhatsApp estabelece um limite de 16 anos.

Essas orientações são importantes como referência, mas, conhecer o seu filho e definir os limites de acordo com a capacidade de interação social que ele desenvolveu será sempre o melhor caminho.

Se quiser deixar aqui dicas de aplicativos para os pequenos, serão muito bem vindas. Em todo caso, ainda acredito que, diante de tanta opção tecnológica, enriquecedor e saudável de verdade é brincar na natureza! (Leia o texto sobre crianças na natureza)

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