As Professoras do CMEI

Um robô com a missão de espalhar pelo mundo as maravilhas que aprende por aí… No fundo, acho mesmo que essa aventura do pequeno Jururu sempre foi uma metáfora sobre meu desejo íntimo de levar a história que eu estava criando para muitas e muitas crianças. Pensando bem, toda criação guarda esse segredo: uma ligeira pretensão de conquistar o mundo. Até porque, de nada adiantaria uma história que não foi contada ou uma canção que não foi cantada.

Não é uma jornada fácil. Poderia ser mais se nós, brasileiros, dedicássemos mais importância à cultura e educação. Mas, vamos lutando, sempre “fazendo o melhor na condição que você tem, enquanto não tem condições para fazer melhor ainda”, como ouvi de Mário Sérgio Cortella, em uma das suas palestras.

Aliás, é bem disso que quero falar nesse texto. Fazer o melhor com o que tem é exatamente o que define o trabalho das professoras do CMEI Castro Alves, escola pública de Salvador que tive a honra e alegria de visitar e dela receber uma homenagem.

O sonho de levar adiante a história do Lá Dentro da Mata pode ser um caminho difícil, mas quase sempre encontra um oásis. O CMEI é um deles. E, o é pelo esforço e criatividade das educadoras e da equipe de apoio que lá trabalham. Poucas escolas particulares que visitei tinham tanta alma quanto o CMEI Castro Alves. As paredes da escola, uma antiga fábrica de qualquer coisa, estão repletas de vida e educação.

Foi bom ver o Lá Dentro da Mata por lá. Bem tratado, bem compreendido e contextualizado. Jururus por todo lado, um mais lindo que o outro. E a forma como os alunos me receberam… Um presente.

Fizeram um Jururu de pano para ser levado cada dia por um aluno, que tem a função de cuidar, dar carinho e trazer de volta com um relato da experiência escrito pelos pais. Fizeram uma peça e foi incrível. Cenário e figurino criativos e belíssimos. O melhor na condição que elas tinham.

Saí de lá repleto e orgulhoso. Não da minha pretensão de espalhar por todo o mundo um sonho que é meu, mas orgulhoso das professoras do CMEI e da missão de Jururu ter chegado até elas e às suas crianças.

Definitivamente, precisamos entender que aumentar substancialmente o investimento no ensino fundamental é o que pode transformar de verdade. Naquele pedacinho de cidade, vi uma grande transformação.

 Abaixo, o texto da professora Jussara sobre o projeto que elas desenvolveram com o Lá Dentro da Mata:

“As crianças vão construindo conhecimentos, valores, afetos, a partir de sua experiência com o mundo. Experiências vividas num universo de corpos que tocam, cheiram, comem e escutam. Corpos que sentem o mundo, leem o mundo […] (Léa Tiriba.)

O Centro Municipal de Educação Castro Alves foi fundado em  04 de fevereiro de 2013.  Localizado no bairro da Boca do Rio, acolhe ao todo 126 crianças de 02 a 05 anos, crianças das comunidades circunvizinhas de Pituaçu, Bate – Facho e Irmã Dulce.

Um dos eixos temáticos da nossa Proposta Pedagógica é o meio-ambiente e a relação que nossas crianças fazem com o meio em que vivem. São crianças privilegiadas pela localização das comunidades supracitadas; a praia da Boca do Rio, o Rio das Pedras e o Parque Pituaçu. Porém convivem com descaso e a poluição desses ecossistemas.

Para tanto, através das etapas do Projeto desenvolvido pela Professora Jussara Danyela e sua turminha é de extrema importância para a compreensão da participação de todos, incluindo as família e comunidade escolar, na valorização e conservação dos seus” quintais” e serem agentes transformadores dessa realidade.

O projeto Vou Te Contar está sendo desenvolvido por dois grupos 4 A e 4B, são quatro professoras envolvidas, professoras Jussara, Margarete, Oriana e Taiane. O projeto tem o intuito de despertar o gosto pela leitura, estimular o desenvolvimento da oralidade, a curiosidade, a socialização e o interesse em aprender a ler e escrever. As histórias selecionadas foram escolhidas a partir da faixa etária, do interesse, pela qualidade literária e temas que devem ser contextualizados com a vida das crianças.

            Como as crianças do grupo 4 A da Pró Jussara e Taiane, demonstraram bastante interesse pelo Jururu, pensei em confeccionar um boneco de pano para poder ser compartilhado pela turma, no primeiro momento levei na caixa encantada tinha uma surpresa, depois do mistério descobriram que era o Jururu, ficaram muito felizes com sua presença, expliquei que o boneco é do grupo 4 A e que a cada dia da semana iria para casa com um amigo da turma, que viveriam bastantes aventuras, brincadeiras, que deveria ser entregue no dia seguinte para que outro colega pudesse também levá-lo pra casa. Ainda em sala, conversamos sobre o cuidado que deveríamos ter com o boneco: “Pegar e não quebrar!” Deisy; “não rasgar!” Raiane; “Nem quebrar os botões!”Erick; “Nem arrastar ele pra sujar!”Davi; “Nem molhar!” Kaian “Não colocar na boca!” Pedro Henrique foram algumas das falas das crianças do grupo.

O objetivo desta atividade é além de estimular a imaginação, trabalhar afetividade, o respeito, aumentar o laço de amizade entre as crianças, aprendendo a compartilhar e desenvolvendo o senso de cuidado, pois deverão ter atenção para não sujar, não rasgar, cuidar para que não aconteça nada ao Jururu. O mais legal é perceber a alegria e empolgação que demonstram. Com o boneco vai o caderno “Diário do Jururu” onde as famílias fazem registro do que fizeram em casa, Jururu já dormiu no berço, foi ao centro espírita, brincou, dorme abraçado com os amigos e hoje foi de bicicleta para casa com o aluno Davi. Ah! Voltou ‘machucado’ da casa de uma criança, rasgado na perna e aproveitei e fizemos uma atividade de situação problema, onde chegaram a conclusão que deveria ser costurado novamente e redobrar os cuidados, para que chegue em perfeitas condições até a última criança, depois o ciclo recomeça porque quem leva pra casa já quer saber quando poderá levar novamente.

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